O quarto pilar do IFRS S1, chamado Métricas e Metas, é onde a sustentabilidade empresarial deixa de ser narrativa e se torna mensurável.
Se os pilares anteriores (Governança, Estratégia e Riscos) definem “quem faz” e “como faz”, este mostra “quanto faz” e “com que resultado”.
A partir das exigências da NBC TDS 01, as empresas devem divulgar indicadores quantitativos e qualitativos que demonstrem seu desempenho em relação aos riscos e oportunidades de sustentabilidade.
Já a NBC TDS 02 detalha as métricas climáticas, incluindo emissões de gases de efeito estufa, consumo de energia e metas de descarbonização — temas que ganham cada vez mais relevância nos relatórios corporativos e na contabilidade ambiental.
Índice
1. Da mensuração à transparência
O IFRS S1 exige que a empresa apresente informações confiáveis, comparáveis e verificáveis sobre seu desempenho ambiental, social e de governança.
Essas métricas devem estar alinhadas à estratégia e refletir a forma como a empresa cria e preserva valor no longo prazo.
Isso inclui indicadores como:
- Emissões de GEE (Escopos 1, 2 e 3);
- Consumo de energia e fontes renováveis;
- Uso de água e gestão de resíduos;
- Diversidade, saúde e segurança no trabalho;
- Metas de impacto social e comunitário.
Esses dados permitem que investidores e stakeholders avaliem o progresso real da empresa em relação aos compromissos assumidos — reduzindo a subjetividade e fortalecendo a credibilidade.
2. Definição de metas: direção e propósito
O pilar também exige que a empresa defina metas claras e mensuráveis, tanto quantitativas quanto qualitativas.
De acordo com o item 33 da NBC TDS 02, cada meta deve indicar:
- A métrica utilizada (por exemplo, tCO₂e, m³ de água, % de energia renovável);
- O objetivo e o prazo de cumprimento;
- As etapas intermediárias e a linha de base de comparação;
- Se as metas são absolutas ou de intensidade (por exemplo, “reduzir 30% das emissões até 2030”).
Essas metas devem ser revisadas periodicamente, e as empresas devem reportar o progresso de forma transparente, explicando ajustes ou desvios no percurso.
3. Integração com a contabilidade e com a estratégia
O IFRS S1 reforça que as métricas ESG devem ser coerentes com as demonstrações contábeis.
Ou seja, se a empresa divulga um investimento em energia limpa ou uma provisão para mitigação ambiental, isso deve estar refletido também nas notas explicativas e no planejamento financeiro.
A integração entre sustentabilidade e contabilidade tradicional é o que dá origem ao conceito de contabilidade ambiental e estratégica, em que cada indicador ESG tem impacto mensurável nas finanças da empresa.
4. Comparabilidade e credibilidade global
Um dos maiores avanços do IFRS S1 e S2 é a padronização.
As métricas passam a seguir padrões internacionais (como GHG Protocol, SASB e GRI), permitindo comparação entre empresas e setores.
Com isso, o mercado ganha mais transparência e confiança, e as empresas ganham acesso facilitado a investidores, crédito e certificações ESG.
O pilar Métricas e Metas é a tradução numérica da sustentabilidade.
Ele conecta propósito a desempenho, transforma compromissos em resultados e torna a contabilidade ambiental uma ferramenta estratégica de gestão e competitividade.
Empresas que mensuram e comunicam seus impactos com clareza se destacam — não apenas pelo discurso, mas pela capacidade de gerar valor sustentável e comprovável.




